Festejamos os 50 anos a vigiar do Sr. João Vigia

Para quem conhece o Sr. Joao, aqui vai um texto escrito pelo Serge:
A todos os que conhecem o Senhor João Vigia
Pediram-me que escrevesse sobre ti, que escrevesse um texto sobre o João Vigia… como podemos falar de alguém que amamos? Não é fácil!
Sei que sou incapaz de retratar a tua vida completa. Sei que nasceste em São João, filho de agricultores… mas que rapidamente te viraste para o apelo do mar e das baleias. Sem te preocupares com a opinião dos outros por não seres filho de baleeiros, resolveste seguir este caminho, de vigia em vigia: Relvas, Ribeiras, Ponta da Ilha e Queimada; de companhia baleeira em companhia, para encontrares, por caprichos da vida, o Francês.
50 anos! 50 anos a perscrutar o mar, em busca do bufo do rei cachalote. Poucas pessoas podem afirmar de serem tão apaixonados pela Vigia como tu. Quantas calças gastaste naqueles desconfortáveis bancos de madeira? Quantas vezes, à custa de muitas horas seguidas de trabalho, os teus olhos verteram lágrimas sobre as objectivas dos teus binóculos? Quantas horas passaste na companhia das “bichinhas”?
Hoje por paixão e prazer és incansável a contar histórias do passado. Tu és sobretudo e ainda um amigo de tudo o que descobres e partilhas: os amigos peixe-boi (baleia-piloto), as doces pintadinhas (golfinho-pintado), os lepras dos bicos-de-garrafa (baleias-de-bico),…
Foi por tudo isto que nos juntámos no sábado, dia 1 de Outubro, na Piedade, para festejarmos o teu 50º aniversário de Vigia. Todos, desde os novatos até aos mais batidos, quisémos agradecer-te: Obrigado João Vigia!
Do nosso encontro surgiu um sonho: um velho baleeiro e um jovem ecologista conseguiram confraternizar, aceitar-se mutuamente, e mesmo entender-se para construir o Espaço Talassa. Sem ti, sem a tua paciência para nos ensinar, mesmo atravessando inúmeras dificuldades ao longo de milhares de milhas náuticas e 15 anos de trabalho, o sonho de viver em harmonia com e para o mar nunca seria realidade. O respeito mútuo acompanhou-nos ao longo de todos estes anos. Espero que sirva de exemplo para as gerações futuras!
Mesmo que os teus binóculos “Zeiss” sejam um pouco antiquados, que exista um pouco de fumaça, que cada dia que passe o brilho do sol seja cada vez mais agressivo e mesmo que o mar esteja com embatinho, não nos abandones; ajuda-me a fazer viver o teu belo poema, partilhado e acarinhado por todos que já trabalharam contigo e também por todos os milhares que embarcaram nas nossas aventuras no mar dos Açores.
Junto-me a todos eles para te dizer OBRIGADO. Sem ti a minha vida seria bem menos rica, meu amigo.
Serge Viallelle